Juíza da Infância e da Adolescência destaca parcerias da sociedade na formação de jovens sob a tutela do Estado
O engajamento da sociedade é fundamental para que jovens cujas famílias enfrentem vulnerabilidade social e se encontrem sob a tutela do estado, após o período de acolhimento, recebam oportunidades de qualificação profissional.
O entendimento é da juíza Daniela Fernandes Dias Morelli, da Vara da Família, Infância e Juventude, ao participar na quarta-feira (12) de solenidade de conclusão e formatura de mais uma turma do programa Novos Caminhos, em Jaraguá do Sul.
Iniciativa da FIESC, por meio do IEL, SESI e SENAI, o programa Novos Caminhos tem como objetivo capacitar profissionalmente adolescentes de 14 a 18 anos sob a tutela do Estado e que, ao atingir a maioridade, devem deixar as casas de acolhimento onde vivem. Idealizado em 2013, o programa conta com a parceria do Tribunal de Justiça (TJ-SC), Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), Ministério Público de Santa Catarina, Coordenadoria Estadual da Infância e da Juventude, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SC) e da Federação do Comércio (FECOMÉRCIO), através do SENAC.
Desde 2013, quando foi lançado em Chapecó, o programa já atendeu 801 jovens e encaminhou 190 deles para o mercado de trabalho. Atualmente, 430 adolescentes estão sob a tutela do Estado, 261 participando do programa, com 213 concluindo a formação em Santa Catarina, sendo 13 no Vale do Itapocu. Destes, 9 jovens receberam seus certificados nesta quarta-feira, após receberem orientação profissional da FIESC por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), e uma formação em atividades que permitem a inserção no mercado de trabalho, oferecida pelo SESI, SENAI e SENAC.
Incentivo à autoestima e autonomia dos jovens
Para a juíza Daniela Morelli, eventos como a formatura de jovens em situação social mais difícil representam o sentido prático do engajamento que a sociedade precisa ter em relação ao tema.
“Estou convencida de que não há outro caminho que não seja o de efetiva integração do Judiciário com a iniciativa privada e a sociedade organizada. Isto é muito presente em Jaraguá do Sul em várias áreas, mas nos projetos envolvendo a infância isto é ainda mais relevante. É muito importante que a comunidade se envolva, para que estes jovens possam realmente vislumbrar uma perspectiva de autonomia quando deixarem as casas onde são acolhidos, pois assim recuperam a autoestima e com isto a oportunidade de construírem o seu próprio futuro”, afirma.
Daniela disse ter acompanhado muitos dos adolescentes que recebiam seus certificados, reforçando sua convicção de que o programa deve ser intensificado, dando a mais jovens a oportunidade de uma vivência em comunidade na sua forma mais ampla. “Não é apenas a chance de se profissionalizarem, mas principalmente porque eles têm a chance de uma socialização ampla, que lhes permite conhecerem outras pessoas, dando com isto a continuidade a um ciclo natural de formação de famílias e de busca de outras perspectivas dentro da comunidade em que estão inseridos”.
Mercado absorve jovens com qualificação
A assistente social Maike Evelize Pacher, coordenadora do programa Novos Caminhos na região do Vale do Itapocu, destaca que muitos jovens ao completarem a idade em que deixam a tutela do Estado já estão trabalhando. Há 19 anos atuando no Poder Judiciário e participando do programa desde que foi implantado em 2014 em Jaraguá do Sul, Maike aponta avanços importantes para que mais oportunidades de emprego surjam na região.
“Há um compromisso de desenvolvimento cada vez mais intenso das ações, na melhoria da comunicação com outros segmentos da sociedade e no diálogo com todas as entidades envolvidas. Com isto é possível abranger mais adolescentes nas atividades de formação. Se antes do programa vivíamos uma angústia porque eles não tinham as perspectivas que hoje são apresentadas, agora temos certeza de que estão preparados para a vida”.
Convidado do evento, o padre Osnildo Carlos Klan disse na mensagem aos formandos que o momento sintetiza o que o País mais precisa no momento. “Vocês são inspiração deste novo caminho que o Brasil tanto necessita. Sigam em frente de cabeça erguida, levem a honestidade, a ética e o valor do trabalho como princípios do que aprenderam neste tempo em que receberam tantas orientações para se tornarem profissionais e pessoas melhores”, assinalou o religioso, que durante 7 anos atuou no Congo e recentemente retornou ao Brasil.
O vice-presidente regional da FIESC, Célio Bayer, também enalteceu o empenho das entidades em tornar o programa Novos Caminhos uma ação consolidada em todo o Estado. “A possibilidade de aprenderem uma atividade profissional lhes dá a chance da plena inserção no mercado de trabalho, o que só acontece graças à confiança dos empreendedores na contratação dos alunos que concluíram os cursos e com isso podem iniciar uma nova etapa em suas vidas”, afirma o empresário.