Formatura do programa Novos Caminhos reúne jovens e entidades parceiras na capital
* Notícia publicada originalmente no portal institucional do Poder Judiciário
O programa Novos Caminhos realizou nesta quarta-feira, 17 de dezembro, a formatura dos jovens da Regional Sudeste. O evento ocorreu na sede da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc), em Florianópolis, e marcou o fim de um ciclo desenvolvido em 16 regiões de abrangência em todo o Estado, com a participação de 700 jovens. Na capital, 160 participantes, oriundos de 31 serviços de acolhimento da região, receberam certificados de cursos profissionalizantes.
Idealizado pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina, em parceria com a Fiesc e a Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC), o programa atende crianças e adolescentes que vivem em instituições de acolhimento. Ao longo de 12 anos, mais de 9,2 mil jovens passaram pela iniciativa, que viabilizou 16,5 mil matrículas em cursos de educação básica e profissional e abriu portas para mais de dois mil adolescentes no mercado de trabalho. Apenas no primeiro semestre de 2025, 352 deles ingressaram em empregos formais.
Na cerimônia, foram homenageadas 59 empresas amigas, que apoiam serviços de acolhimento com ações ou doações, e 50 empresas cidadãs, que empregam jovens atendidos pelo programa, além de 42 voluntários. A Regional Sudeste abrange as comarcas de São José, Florianópolis, Biguaçu, Garopaba, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz e Tijucas.
Dois exemplos
Ao lado dos jovens que receberam certificados, dois egressos do programa Novos Caminhos acompanharam e prestigiaram o evento como exemplos de perseverança e superação. Um deles foi Nelson Matheus, de 27 anos, professor da rede estadual, que recentemente conquistou a casa própria e passou em segundo lugar no processo seletivo do mestrado em Física da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Ao relatar o impacto do programa em sua vida, resumiu de forma direta o significado da iniciativa em sua trajetória: “Sem o Novos Caminhos, eu estaria hoje nas ruas ou morto”.
Vitor Renato Soares de Souza, de 20 anos, também esteve presente. Ele iniciou sua trajetória no Novos Caminhos aos 16 anos e permaneceu no programa por dois anos, período em que participou de cursos, entrevistas, formações e atividades voltadas à qualificação profissional, com passagens por áreas como programação, desenvolvimento e preparação para entrevistas de emprego.
Já estava inserido no mercado de trabalho ao deixar o acolhimento. Começou como estoquista na empresa Toyota, foi promovido a controlador de quadro e, posteriormente, passou a atuar na área de vendas, na oficina digital. Para ele, a iniciativa foi decisiva para aproveitar as oportunidades profissionais que surgiram. “Todas as oportunidades que eu tive hoje foram proporcionadas pelo Novos Caminhos.”
A desembargadora Rosane Portella Wolff afirmou que ouvir os depoimentos de jovens como Vitor Renato e Nelson Matheus provoca uma emoção difícil de descrever. Para ela, é o momento em que o impacto do Novos Caminhos deixa de ser número e se torna vida concreta. “A gente é tomado por uma emoção muito grande ao ver, de forma tão clara, o que o programa representa na trajetória desses adolescentes”, disse.
Segundo a magistrada, as histórias revelam oportunidades que eles não teriam sem o apoio da iniciativa e reforçam o sentido do trabalho desenvolvido ao longo dos anos. Rosane destacou que esse sentimento está ligado ao compromisso de responsabilidade social assumido pelo Poder Judiciário e pelas instituições parceiras. “São histórias que mostram que estamos no caminho certo e que todo esse esforço coletivo vale a pena”, resumiu.
Impacto social
O programa oferece ações nas áreas de educação, saúde e articulação para a empregabilidade de jovens que vivem em serviços de acolhimento. Para adolescentes a partir de 14 anos, são promovidos cursos de profissionalização e a intermediação de vagas no mercado de trabalho. Crianças e adolescentes com menos de 14 anos participam de atividades voltadas à saúde, ao bem-estar e à educação em contraturno. O objetivo central é estimular a cidadania e promover a autonomia financeira.
Esse preparo se mostra essencial porque, ao completarem 18 anos, os jovens devem deixar os serviços de acolhimento institucional, salvo nos casos de reintegração familiar. O Novos Caminhos oferece condições para que esse desligamento ocorra com perspectivas de vida independente.
O juiz Fernando Carboni, diretor da Infância e Juventude da AMC, afirmou que participar das formaturas do programa Novos Caminhos sempre desperta forte emoção porque permite ver, de forma concreta, vidas sendo transformadas. Segundo ele, o que começou como um sonho simples — abrir portas para crianças e adolescentes acolhidos — cresceu sem perder o propósito original. Carboni destacou que o programa se sustenta na fraternidade, na cooperação entre instituições e no compromisso coletivo com cada jovem atendido, valores que tornam possível construir trajetórias mais dignas e cheias de futuro.
Já o diretor institucional e jurídico da Fiesc, Carlos José Kurtz, lembrou a criação do programa Novos Caminhos em 2013, em Chapecó, e destacou que a iniciativa nasceu como um projeto pequeno, mas com um grande desafio — levar esperança a jovens que não tinham perspectivas. Segundo ele, o programa reúne boas referências, valores e habilidades que ajudam a construir caminhos mais dignos. Kurtz ressaltou ainda que a iniciativa se tornou referência nacional e afirmou que a Fiesc se orgulha de receber os formandos e profissionais envolvidos nessa trajetória.
Protagonistas e parceiros
Os jovens que receberam certificados de destaque também compartilharam suas experiências e o impacto que o programa teve em suas vidas. Miguel, de 17 anos, relatou que conheceu a empresa na qual trabalha por meio do programa. Atualmente em atividade no setor de produtos da empresa, ele agradeceu a oportunidade e destacou o apoio recebido ao longo do processo. “Sem o Novos Caminhos, eu não seria nada, não seria o homem que me tornei”, afirmou.
A programação da tarde incluiu uma palestra sobre amizade, ministrada por Álvaro Fernandes e Evandro Badin. Álvaro, músico e compositor, e Evandro, empresário e educador, falaram sobre relações humanas, escolhas e a importância dos vínculos na construção de trajetórias pessoais e profissionais.
Além das autoridades já citadas, participaram da solenidade a juíza auxiliar da Presidência do TJSC, Mayra Salete Meneghetti; o juiz titular da Vara da Infância e da Juventude da comarca da Capital, André Milani; a juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região Zelaide de Souza Philippi; o presidente em exercício da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Santa Catarina, Óliver Jander Costa Pereira; a vice-presidente da Fiesc na Regional Sudeste, Micheli Poli Silva; e o diretor-tesoureiro da Fiesc, Marco Aurélio Alberton.
Também estiveram presentes o presidente do Conselho de Administração do Centro de Integração Empresa-Escola de Santa Catarina, Luiz Carlos Floriani; o presidente do Conselho de Administração da Fundação ESAG, professor Mário César Barreto Moraes; o diretor do Senac Florianópolis, José Carlos Vieira; a supervisora regional da Grande Florianópolis da entidade Gerar, Ana Lúcia dos Santos; a técnica em atividade de formação profissional Nayana Setubal Bittencourt, do Sistema Faesc/Senar; o diretor de Programação Social do Sesc, Eduardo Makowiecki Jr.; a gerente executiva de Educação Básica e Cultura do Sesc Santa Catarina, Sílvia de Pierre Oliveira; e o gerente de Operações da Regional Sudeste, Thiago Kord.
Imagens: Cristiano Estrela
Conteúdo: NCI/Assessoria de Imprensa
