Conheça a história de Nicole, jovem que entrou no mercado de trabalho graças ao Novos Caminhos



* Notícia publicada originalmente no portal institucional do Poder Judiciário de Santa Catarina (abre em nova aba).

Ao longo de 11 anos de atuação, o programa Novos Caminhos tem sido uma ferramenta importante na construção da autonomia de jovens que estão ou estiveram sob medida protetiva, especialmente daqueles que, ao completar 18 anos, precisam iniciar a vida fora das instituições de acolhimento. O Novos Caminhos é uma iniciativa do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) em parceria com a Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) e a Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC).

Entre as muitas histórias que já passaram pelo programa, encontramos a de Nicole Medeiros Domingos, de Criciúma, que morou por quase cinco anos em um abrigo na cidade e recentemente, em julho, completou a maioridade. Desde sua chegada à instituição, Nicole começou a participar de ações e cursos promovidos pelo Novos Caminhos, em que, aos poucos, passou a alinhavar seu futuro. “No início, eu reclamava por ter que acordar cedo aos sábados para frequentar as aulas, mas logo percebi o quanto isso seria importante para mim”, relembra.

Um desses cursos, o de computação, foi particularmente significativo. Nicole, que antes só sabia ligar o computador e navegar na internet, aprendeu a usar ferramentas de edição de texto e tabelas, habilidades que a ajudaram a se sentir preparada para ingressar no mercado de trabalho.

Aliás, o trabalho foi um ponto fundamental na vida de Nicole. O primeiro emprego foi com atendimento ao público na Companhia Catarinense de Água e Abastecimento (Casan), onde permaneceu como jovem aprendiz por dois anos. A conquista veio através do Centro de Integração Empresa-Escola do Estado de Santa Catarina (CIEE/SC), um dos parceiros do Novos Caminhos.

A experiência ampliou os horizontes e trouxe habilidades importantes para desbravar outras oportunidades. Atualmente, a jovem está na produção de uma empresa alimentícia, tem carteira assinada e já faz planos para o futuro. Quer estudar psicologia ou fazer um concurso para atuar como perita criminal. A transição da vida no abrigo para a vida independente não foi fácil, mas Nicole atribui grande parte de seu sucesso aos conhecimentos que adquiriu. “Teria sido muito mais difícil se eu não tivesse feito os cursos. A gente tem que acreditar no nosso potencial, no nosso valor e persistir. Não podemos nos deixar levar pelo nosso passado, pelo que nos aconteceu; é preciso acreditar e ter objetivos”, reflete.

Para concretizar seus planos, a jovem segue firme: mantém uma rotina puxada, acorda às 5 horas, trabalha durante todo o dia e estuda à noite. Está concluindo o terceiro ano do ensino médio, a última etapa da educação básica; ainda não pensou no vestibular, pois quer dar um passo de cada vez.

Vivendo em casas de acolhimento, muitos meninos e meninas não retornam à família de origem nem são adotados, e, ao deixar a instituição, podem se ver sozinhos e com a responsabilidade de cuidar de si mesmos. Esse processo, conhecido como “desinstitucionalização”, pode ser extremamente desafiador porque, nessa transição, eles se deparam com dificuldades como encontrar moradia acessível, obter um emprego estável e continuar os estudos. É nesse momento delicado e crucial que o Novos Caminhos faz a diferença.

Com uma rede de apoio formada por diversos parceiros, o programa prepara esses jovens ao oferecer educação profissional através de cursos variados e encurtar distâncias até o mercado de trabalho, sensibilizando empresários a abrir as portas de seus negócios para lhes dar oportunidade. Foi essa rede de apoio que deu o suporte inicial para que Nicole começasse sua jornada rumo à autonomia e adquirisse a confiança necessária para acreditar em si.

Nicole conta que amadureceu muito nos últimos anos. A jovem deixou a casa de acolhimento pouco antes de completar 18 anos; sua sogra ficou como guardiã legal até que completasse a maioridade.

Parceiros
Atualmente, em Santa Catarina, junto com TJSC, AMC e FIESC, integram o programa a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SC); o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC); a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Santa Catarina (Fecomércio); a Associação Catarinense de Medicina (ACM); a Fundação de Estudos Superiores de Administração e Gerência (FESAG); a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC), por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) – Administração Regional de Santa Catarina; o CIEE/SC; e o Serviço Social do Comércio (SESC/Fecomércio).

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