Programa promove qualificação profissional para adolescentes em casas de acolhimento de Santa Catarina
Iniciativa da Fiesc, Tribunal de Justiça e Associação dos Magistrados Catarinenses será implantando em mais cinco cidades do Estado neste ano
Diario Catarinense – Novos Caminhos 07/04/2015 | 07h03
Programa promove qualificação profissional para adolescentes em casas de acolhimento de Santa Catarina Diorgenes Pandini/Agencia RBS
Nelson Mateus da Conceição, de 17 anos, começou este ano o curso técnico de eletrotécnica do Senai, em São José, na Grande Florianópolis. As aulas, que ocorrem duas vezes por semana, representam mais que conhecimento extra para o adolescente. Elas são possibilidades para um futuro ainda incerto. Nelson mora em uma casa de acolhimento e, como completa 18 anos neste ano, terá de deixar o local. Mas ele já faz planos para a carreira:
— Inicialmente quero seguir nesta área [eletrotécnica], mas também gosto de informática ou da área social — planeja.
Nelson faz parte do programa Novos Caminhos, parceria entre a Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), o Tribunal de Justiça (TJSC) e a Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC). Iniciado em 2013, através de um programa-piloto em Chapecó, o Novos Caminhos funciona em etapas e fornece desde orientação profissional, educação básica, por meio do Sesi, até cursos técnicos do Senai. Focado em adolescentes a partir de 14 anos, neste ano o programa está em expansão para outras cidades do Estado, como Rio do Sul e Tubarão.
Glauco José Côrte, presidente da Fiesc, afirma que o projeto deve continuar, pelo menos, até 2018. O objetivo é fornecer orientação e qualificação profissional, além de melhores condições de colocação no mercado de trabalho.
— A avalição das empresas que contrataram esses jovens também é muito positiva — afirma.
O desembargador Sérgio Izidoro Heil, coordenador da Coordenadoria Estadual da Infância e da Juventude (CEIJ), explica que a maioria desses jovens vêm de famílias fragilizadas e que isso é uma das dificuldades:
— Não bastasse o rompimento dos vínculos familiares, a necessidade do desligamento dos programas de acolhimento ao completarem 18 anos torna-os ainda mais vulneráveis aos desafios que a sociedade impõe. Por isso a preocupação de como estes jovens vem sendo preparados para a autonomia.
Arlete Santos de Lima, pedagoga do Associação Ecos de Esperança, que acolhe 21 crianças e adolescentes entre 0 e 17 anos em Joinville, afirma que as mudanças nos jovens com o programa são perceptíveis. Ela cita Alex da Silva, 16 anos, que neste ano termina o curso de fresador mecânico no Senai e que mora em uma das casas da Associação.
— O mais importante é que eles criam um objetivo de vida. O programa abre várias portas e eles começam a pensar no futuro — diz.
:: Dados em Santa Catarina:
1.392 crianças e adolescentes em programas de acolhimento
27% deles são adolescentes acima de 14 anos, ou seja, 377
179 serviços de acolhimento
Fonte: Cadastro Único Informatizado de Adoção e Abrigo (Cuida) do Poder Judiciário de Santa Catarina
:: Programa Novos Caminhos
Foi implantado nas regiões de: Blumenau, Chapecó, Criciúma, Grande Florianópolis, Itajaí, Jaraguá do Sul, Joinville, Lages, São Bento do Sul e São Miguel do Oeste.
Este ano será implantado em: Brusque, Caçador, Joaçaba, Rio do Sul e Tubarão
Resultados até 2014:
228 matrículas no Programa Profissional do Futuro, realizado pelo IEL/SC
105 matrículas em programas de Educação Continuada e Educação de Jovens e Adultos, do Sesi/SC
54 matrículas em cursos técnicos, qualificação profissional e aprendizagem industrial, do Senai/SC
12 jovens encaminhados ao mercado de trabalho, por meio de empregos, estágios ou programa jovem aprendiz
Fonte: Fiesc